Jerry Lewis: O Rei da Sessão da Tarde e Sua Marca no Cinema
Explore a história de Jerry Lewis, o Rei da Sessão da Tarde, e como seus filmes continuam encantando plateias até hoje

No meu mundo de 10 anos de idade, ainda não existia a paixão que eu desenvolveria por Chaplin ou por qualquer outro ídolo que mais tarde viria a amar. Para mim, havia apenas um homem que eu considerava belo e inigualável: Jerry Lewis. Sempre fico pensando na sorte que nós, que crescemos na década de 80, tivemos. Os filmes clássicos passavam diariamente na televisão, no horário da tarde, e podíamos entrar em contato com essa arte ainda jovens. Hoje é difícil para alguns entenderem como aquele comediante conseguia fazer corações dispararem. Mas entrar em contato com sua imagem na infância é diferente de conhecê-lo já adultos.
Nascido na cidade de Newark, em 1926, numa família de atores, Jerry Lewis (Joseph Levitch) foi criado pela avó enquanto os pais viajavam pelo país atuando. Ele chegou a se apresentar ainda criança, mas não de forma profissional. Foi apenas aos 18 anos que Jerry decidiu seguir a carreira dos pais. Ao conhecer Dean Martin — que ele considerou o homem mais lindo que já conhecera — sua carreira começou a decolar.
A dupla se tornou popular, apresentando-se em casas de show com enorme sucesso, formando uma parceria cômica em que cantavam, contavam piadas e divertiam a todos. Dean era o galã da dupla, enquanto Jerry era o descoordenado e desajeitado. A amizade dos dois ia além dos palcos e transparecia na vida pessoal: eram quase irmãos.
Lotando casas de show, logo foram convidados a estrear no cinema. Em 1949, os dois debutaram nas telonas em My Friend Irma. A dupla agradou também no cinema e, na sequência, estrelou vários filmes. Viajando juntos e atuando quase todos os dias da semana, o desgaste natural na relação começou a aparecer. É difícil dizer exatamente o que teria contribuído para o fim da parceria, já que existem várias versões, mas o fato é que, em 1956, eles decidiram se separar — exatamente 10 anos após a formação da dupla.
Com o fim da parceria, Jerry passou a dirigir e produzir alguns dos seus filmes, e foi desse período pós-Martin que surgiram suas maiores criações. Em Bancando a Ama-Seca, de 1958, ele interpreta um jovem apaixonado por sua amiga de infância, Carla. Ela se tornou uma estrela de cinema e, ao engravidar, deixa três crianças sob seus cuidados enquanto termina um filme.
Em O Terror das Mulheres, ele vive um jovem traumatizado com o sexo feminino que vai trabalhar em um local cheio de mulheres. Já em O Professor Aloprado (1963), interpreta um professor feíssimo que descobre uma fórmula para se transformar em um homem atraente. A segunda versão desse filme, estrelada por Eddie Murphy, foi produzida por Jerry.
Em 1983, foi chamado por Martin Scorsese para atuar em O Rei da Comédia, ao lado de Robert De Niro. O resultado foi um verdadeiro show de interpretação, no papel do ansioso e suado anfitrião de um programa de entrevistas. Na década de 90, trabalhou na Broadway em Damn Yankees e começou a se dedicar à UNICEF. Em 1998, recebeu um prêmio pela sua trajetória concedido pela Associação Americana de Comediantes.
Comediantes nunca foram devidamente reconhecidos como grandes atores — e isso é uma pena. Enquanto Robert Taylor, Clark Gable e Spencer Tracy foram laureados por suas carreiras, Harold Lloyd, Buster Keaton, Jerry Lewis e, mais recentemente, Jim Carrey, foram e ainda serão vistos apenas como atores que nos fizeram rir em algum momento. Privilegia-se o trágico em detrimento do cômico, embora, no fundo, prefiramos a alegria.