31 de maio de 2025

Pepa Flores: De Marisol a Lenda do Cinema Espanhol

Conheça a trajetória de Pepa Flores, que encantou o mundo como Marisol e se consagrou como uma lenda do cinema e da cultura espanhola.

pepa flores

Pepa Flores conquistou grande êxito como atriz mirim na Espanha durante a década de 1960, encantando adultos e crianças com sua voz e carisma em filmes musicais. Já adulta, continuou sua carreira trabalhando com diretores renomados como Carlos Saura. Na década de 1980, afastou-se gradualmente das telas e da vida artística.

Infância Humilde em Málaga

Josefa Flores González nasceu em 4 de fevereiro de 1948, na rua Refino, número 10, em um cortiço típico andaluz onde conviviam mais de cinquenta famílias. Filha de Juan Flores, um trabalhador de peixaria, e María González, dona de casa, Pepa cresceu em uma família muito pobre, mas que não passava fome.

Era a filha do meio, entre María Victoria (três anos mais velha) e Enrique (oito anos mais novo), de quem cuidava com todo zelo e amor. O local onde moravam tinha apenas um banheiro compartilhado entre todas as famílias. Atualmente, o cortiço foi demolido para a construção de um prédio.

Seu pai, apesar das dificuldades, mantinha o espírito alegre dos andaluzes e organizava bailes flamencos na região. Foi assim que Pepa aprendeu as palmas e o ritmo do flamenco. Sua avó, Martírio, queria batizá-la com esse nome, mas sua mãe preferiu Josefa, em homenagem ao avô.

Descoberta e Ascensão como Marisol

Pepa faltava frequentemente às aulas no colégio religioso Santa Teresa para se apresentar em pequenos espetáculos de flamenco, ajudando no sustento da família. Em 1959, durante uma viagem a Madrid com seu grupo de dança, foi descoberta pelo produtor Manuel J. Goyanes.

A filha de Goyanes insistiu que Pepa era a menina perfeita para seu próximo filme. O produtor viajou até Málaga, convenceu seus pais e lhes entregou 40.000 pesetas como adiantamento. Assim, a desconhecida Josefa Flores González tornou-se Marisol, nome que a consagrou no cinema.

Seu início na carreira foi difícil. Durante as gravações de “Tómbola”“Las cuatro bodas de Marisol” e “Solos los dos”, o diretor Luis Lucia Mingarro era exigente, fazendo-a chorar repetidamente para obter a cena perfeita.

O Estrelato e os Desafios

Marisol tornou-se um símbolo da infância nos anos 1960, ao lado de Joselito e Rocío Durcal. Chegou a se apresentar para Francisco Franco e enfrentou longas jornadas de trabalho, com pouco tempo livre.

Aos 15 anos, foi diagnosticada com úlcera devido ao estresse. Durante uma turnê no Japão, esconderam dela a morte de sua avó, que havia sido fundamental em seus primeiros passos no flamenco. Além disso, passou por três cirurgias: das amígdalas (1962), apendicite (1964) e remoção de um pequeno tumor no braço.

Em 1969, casou-se com Carlos Goyanes, filho de seu produtor, mas o casamento foi conturbado. Sofreu um aborto devido a uma má formação uterina e teve duas tentativas de suicídio. Em 1972, corrigiu o problema e separou-se de Carlos.

Transição para Pepa Flores e Carreira Adulta

No final dos anos 1970, abandonou o nome Marisol e adotou Pepa Flores. Fez filmes aclamados, como:

  • “Bodas de sangre” (1981)
  • “Carmen” (1983) – ambos dirigidos por Carlos Saura
  • “Caso Cerrado, Juan Caño” (1985)

Também atuou na TVE na série “Mariana Pineda” (1984). Sua carreira discográfica (1960-1983) incluiu composições de Joan Manuel Serrat, Augusto Algueró e García Lorca, com seu maior sucesso sendo “Habláme del mar, marinero” (1976).

Vida Pessoal e Ativismo

Casou-se com o coreógrafo Antonio Gades em Cuba, enfrentando acusações de adultério (crime na Espanha da época). Teve três filhas:

  1. María Esteve (atriz)
  2. Tamara (psicóloga, sem ligação com a arte)
  3. Celia Flores (cantora de flamenco pop)

Foi militante do Partido Comunista, doando até mesmo as placas de ouro recebidas de Franco. Atualmente, vive em Málaga com o empresário Máximo Stecchini, dedicando-se a causas sociais, como a Fundación A. Sandino e a Associação Malaguenha de Esclerose Múltipla.

 

A Polêmica: Fraude ou Lenda?

Há alegações de que Pepa Flores não seria a primeira Marisol, mas sim uma garota chamada Remedios Olaya, que teria filmado “Un rayo de luz” (1952). Segundo o site “El Fraude Pepa Flores”, os filmes nunca foram lançados, e Manuel Goyanes teria “recriado” Marisol com Pepa em 1960.

Entre as supostas evidências está a diferença no timbre de voz. No entanto, Pepa só estreou oficialmente aos 14 anos, consolidando-se como um ícone do cinema espanhol.

Legado e Reconhecimento

Em 2009, sua vida foi retratada na minissérie “Marisol”, com Ana Mena, Elsa Pinilla e Teresa Hurtado de Ory interpretando suas diferentes fases. A produção usou playback com a voz original de Marisol, reforçando seu impacto cultural.

Pepa Flores não foi apenas uma estrela infantil, mas uma artista multifacetada que superou desafios pessoais e profissionais, deixando um legado eterno no cinema e na música espanhola.

Esse vídeo mostra as prováveis diferenças entre as duas:

Maiores informações sobre a polêmica:

http://elbuscadordelaverdad.blogspot.com.br/2013/03/la-nina-prodigio-marisol-un-fraude-mas.html

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