George Sanders, um Toque de Elegância e Cinismo

George Henry Sanders nasceu em 13 de julho de 1906 em São Petersburgo, Rússia. Descendente de alemães, escoceses e ingleses, tinha 11 anos quando mudou-se com a família para a Inglaterra. O motivo da mudança era a Revolução Russa . Após se formar na escola, passou a trabalhar em agências de publicidade. Lá conheceu uma simpática secretária que também almejava se tornar atriz. Foi ela quem sugeriu que ele buscasse trabalhos como ator. Essa secretária atendia pelo nome de Greer Garson , e iria se tornar uma das atrizes mais importantes de sua época. Seu irmão, Tom Conway , também era ator. Juntos, apareceriam em O Irmão do Falcão (1942) e Destruí Minha Própria Vida (1956).
O início de sua carreira foi nos palcos, trabalhando em alguns musicais. A estreia nas telas veio em 1929 e, após sete anos atuando em produções britânicas, participou da produção americana Lloyd’s of London (1936), de Henry King. Seu sotaque fortemente inglês, seu cinismo e sua elegância acabaram se tornando algumas de suas características mais marcantes — elementos que ajudaram a compor personagens memoráveis.
Em Rebecca (1940), de Alfred Hitchcock , fazia questão de ajudar a atormentar a vida de Joan Fontaine.
Outra participaçãos importantes inclue Nunca Deixei de Te Amar (Never Say Goodbye), interpretando o melhor amigo gay de pianista Lisa Gosting.
A década de 50 traria mais alguns sucessos com participações em Sansão e Dalila , Salomão e a Rainha de Sabá e Ivanhoé . Porém, seu maior sucesso comercial seria o filme A Malvada (All About Eve) , ao lado de Bette Davis e Anne Baxter . Ele interpretava um crítico teatral que trazia um acento sarcástico e roubou a cena:
Aliás, o tom sarcástico e irônico foram utilizados em diversos outros papéis. Além disso, seus personagens sempre traziam um acento de elegância e distinção , embora nem sempre fossem usados para o bem. Havia mesmo uma certa lenda que dizia: se algum ator se recusasse a fazer um vilão, bastava chamar George — ele aceitaria o papel com naturalidade.
Paralelo à carreira cinematográfica, ele iniciou uma trajetória na televisão com a série The George Sanders Mystery Theater (1957). Na série, ele interpretava um vilão. Também publicou dois romances policiais: o primeiro foi Crime on My Hands (1944), seguido por Stranger at Home (1946).
Em 1958, ele chegou a gravar um álbum de músicas românticas. Abaixo, ele canta “As Time Goes By” , imortalizado no filme Casablanca.
O último papel de destaque foi em Carta ao Kremlin , lançado em 1970. No filme, ele era um agente duplo envelhecido e gay . Fora das telas, Sanders adorava cantar. Também tocava piano belamente e podia interpretar qualquer gênero, até mesmo óperas. Além da arte, tinha grande interesse por luta greco-romana.
Casamentos e Separações
George casou-se três vezes. A primeira com Susan Sanders, em 1940. O casamento entraria em ruínas nove anos depois, quando ele conheceu Zsa Zsa Gabor.
O relacionamento com Zsa Zsa era tumultuado e marcado pelo ciúme excessivo. Sabendo que Marilyn Monroe estava no elenco de A Malvada , ele passou a frequentar o estúdio diariamente. Ela temia que seu marido se envolvesse com a loura mais bela do cinema. Juntos, fizeram Death of a Scoundrel (1956). O casamento durou entre 1949 e 1954 — há inclusive um livro que conta detalhes desse relacionamento.
Pouco tempo depois de se divorciar, George se casaria novamente. Desta vez com Benita Hume.
Benita também era atriz e viúva de Ronald Colman, cuja morte ocorreu no ano anterior. Em 1967, o ator sofreria várias perdas: a morte do irmão, da mãe e da esposa Benita. Foi difícil para ele se recuperar. Nesse período, entrou em depressão. Em 1970, voltaria a se aproximar da família Gabor. Dessa vez, a escolhida foi Magda Gabor , irmã mais velha de Zsa Zsa. O casamento com a socialite e aspirante a atriz não deu certo, sendo anulado seis meses depois. George acabou sendo o penúltimo dos seus seis maridos.
Os Últimos Anos
George não fazia questão de ser simpático com os fãs ou dar entrevistas. Chegava a dizer que não era obrigado, já que não era pago por isso. Era geralmente considerado uma pessoa rude e desagradável, e não fazia muito sucesso fora de seu círculo de amizades. Para ele, trabalhar no cinema era apenas um meio para ganhar dinheiro: “atuar para mim sempre foi apenas um meio — com isso ganho meu dinheiro para fazer o que eu quero. ” George não parecia ser muito feliz; vivia um dia após o outro. Nos últimos tempos, esse seu lado se acentuou firmemente.
Os últimos anos de vida do ator foram marcados pela depressão e problemas nervosos. Em abril de 1972, ele se hospedou em um hotel em Barcelona, Espanha , onde tinha planos bem definidos sobre o que iria fazer. Lá, escreveu duas cartas se despedindo do mundo. Uma das frases dizia:
“Querido mundo, estou indo embora porque estou entediado. Sinto que vivi o suficiente. Estou deixando-o com suas preocupações. Boa sorte.”
George Henry Sanders se suicidou em 25 de abril de 1972 , tomando altas doses de nembutal, um barbitúrico fortíssimo. Seu corpo foi encontrado dois dias depois, ao lado de cinco tubos vazios do medicamento. Para quem o conheceu, não foi surpresa. Ele vinha de uma longa série de perdas financeiras e emocionais , depressão e problemas de saúde que o abalavam profundamente. Além disso, não era um pensamento novo: em 1937, chegou a comentar com o amigo David Niven que já tinha planos de tentar o suicídio, revelando inclusive o ano escolhido: 1972.
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