29 de abril de 2025

Do Outro Lado, o Pecado (1960): Um Clássico do Cinema com Suspense e comédia

The Grass Is Greener (1960) cary grant Deborah Kerr, Robert Mitchum, and Jean Simmons

Uma das melhores sequências que nos remete a um recurso bastante utilizado na época: a divisão de telas para mostrar ao mesmo tempo as reações de todos os lados

Um casal britânico mora em sua mansão. Eles enfrentam sérias dificuldades financeiras e decidem abrir o local para conseguir algum dinheiro. Em um belo dia, um homem milionário entra no lugar e se encanta pela mulher. Os dois começam um grande romance, que transforma a vida de todos.

A primeira vez que assisti a Do Outro Lado, o Pecado (The Grass Is Greener, 1960), achei bem chato. Não conseguia entender o sentido de uma comédia romântica em que dois homens competem, como verdadeiros cavalheiros do passado, para saber quem deve ficar com a esposa de um deles. Foi necessário que eu mudasse minha perspectiva na última vez em que revi o filme. E o que realmente me ajudou a enxergar com outros olhos foi o texto escrito pelo meu amigo Rodrigo Vennino, do blog Anos Perdidos.

Lá, ele usa uma expressão que logo nos revela que se trata de um filme que traz uma comédia diferente do que estamos acostumados a ver em produções americanas. Isso se deve ao fato de ter sido escrito pelo casal Margaret Vyner e Hugh Williams, que, além de roteiristas, eram também atores.

E essa dupla trouxe uma dose generosa de cinismo nos diálogos entre os quatro personagens principais: o homem traído (Cary Grant), o milionário sedutor que ameaça a estabilidade do casamento monótono (Robert Mitchum), a esposa conformada que, mesmo assim, não resiste ao charme do homem que traz agitação a uma vida quase monástica (Deborah Kerr) e, por último, a cereja do bolo: o quarto personagem, que conecta os três primeiros, a voz da sinceridade que não se preocupa em agir como uma dama (Jean Simmons). A quarta personagem é o elemento que dá forma ao triângulo amoroso, separando-o e, por vezes, sendo aquela voz que todos nós gostaríamos de ouvir.

É admirável a direção de Stanley Donen, muito conhecido por seus musicais e que, hoje, é um dos poucos diretores ainda vivos da era de ouro do cinema. Porém, o roteiro é, de fato, o ponto mais forte, pois continuo achando que é realmente diferenciado. Seja pelo tema, seja pelas soluções para os romances, que ora são modernas, ora nos remetem a tempos antigos.

Talvez o que mais tenha me agradado ao rever foi reacender a ideia de que nem sempre a primeira impressão é a mais correta. Por isso, sempre gosto de dar uma nova chance a uma história em um momento futuro.

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